Atualizado em 06/04/2022 por Redação
Justiça
Em pedido ao STF, defesa de Lula cita ‘ódio’ de procuradores
A defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) apresentou nesta terça-feira (27), ao Supremo Tribunal Federal uma petição para reiterar um pedido de liberdade já apresentado à corte. No caso, os advogados do petista querem que os ministros reconheçam a suspeição dos procuradores da Operação Lava Jato e, consequentemente, as ações penais apresentadas contra Lula sejam anuladas.
Neste novo pedido, a defesa acrescentou as mensagens em que os membros do Ministério Público Federal (MPF) trataram com ironia e deboche as mortes da ex-primeira-dama Marisa Letícia, do irmão do petista, Vavá, e de seu neto, Arthur, de sete anos. As mensagens foram divulgadas pelo portal Uol, em parceria com o site The Intercept Brasil.
“Referidas mensagens mostram, em verdade, que a atuação dos procuradores da República em questão sempre foi norteada por ódio e desapreço pessoal pelo Paciente e pelos seus familiares”, escreveu o advogado Cristiano Zanin Martins. Ele argumenta ter ficado claro uma “patente inimizade capital”, o que os impede de atuar imparcialidade, impessoalidade e isenção.
A ex-primeira dama morreu em 3 de fevereiro de 2017. Um dia antes, a procuradora Laura Tessler, do MPF em Curitiba, disse que Lula usaria a morte de sua mulher para se “vitimizar”. Januário Paludo chegou a adotar tom conspiratório para abordar a morte de Marisa.
“A propósito, sempre tive uma pulga atrás da orelha com esse aneurisma. Não me cheirou bem. E a segunda morte em sequência”, diz, sem explicar a qual outra morte se referia.
No dia 29 de janeiro de 2019, o procurador o procurador Athayde Ribeiro Costa compartilhou no grupo “Filhos do Januário 3”, no Telegram, a notícia de que o irmão de Lula, Vavá, havia morrido. Dallagnol afirmou que Lula pediria para ir ao enterro. “Se for, será um tumulto imenso”, disse.
O procurador Diogo Castor alertou que todos os presos em regime fechado, como é o caso do petista, têm o direito de deixar a unidade prisional em que estão em casos de falecimento ou doença grave de cônjuge, companheira, ascendente, descendente ou irmão, como prevê a Lei de Execuções Penais. A força-tarefa emitiu um parecer pedindo o indeferimento da saída de Lula
A força-tarefa emitiu um parecer pedindo o indeferimento da saída de Lula. Os procuradores também tiveram acesso à manifestação da Polícia Federal, que afirmou não ter condições de atender ao pedido do petista. “Eu acho que ele tem direito a ir. Mas não tem como”, avaliou Antônio Carlos Welter. Januário Paludo, então, respondeu: “O safado só queria passear e o Welter com pena”.
No dia 1º de março, a notícia da morte do neto Arthur Araújo Lula da Silva, de 7 anos, foi compartilhada no grupo “Filhos do Januário 4”. Segundo o laudo da necropsia, Arthur morreu por infecção generalizada provocada por uma bactéria. “Preparem para nova novela ida ao velório”, disse a procuradora Jerusa Viecili.
Após autorização da Justiça, o petista foi ao enterro do neto em uma aeronave cedida pelo governo do Paraná. Em um outro grupo, chamando “Winter is Coming”, a procuradora Monique Cheker disse que Lula fez um “discurso político (travestido de despedida)”.