Binance está fora do alcance da fiscalização da Receita Federal, diz Haddad

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Binance está fora do alcance da fiscalização da Receita Federal, diz Haddad

Atualizado em 27/06/2024 por Ana Luiza

Na esteira de uma intensa controvérsia envolvendo a Binance, uma das principais exchanges de criptomoedas do mundo, surge um debate sobre a supervisão e regulamentação de suas operações no Brasil. O recente documento do Ministério da Fazenda, assinado pelo ministro Fernando Haddad, jogou luz sobre questões cruciais que envolvem a empresa e sua estrutura jurídica.

A Posição do Ministério da Fazenda

O documento oficial assinado por Haddad afirma categoricamente que a Binance é uma empresa estrangeira sem sede estabelecida no Brasil. Portanto, de acordo com o Ministério da Fazenda, a Receita Federal não possui jurisdição para fiscalizar suas atividades dentro do país. Esta posição responde diretamente a questionamentos feitos pelo deputado federal Alfredo Gaspar, conhecido por sua atuação na CPI das Pirâmides Financeiras.

O Papel de Guilherme Haddad Nazar

Guilherme Haddad Nazar, sobrinho de Fernando Haddad, assumiu a liderança da Binance no Brasil em dezembro de 2022. Antes disso, ele já ocupava o cargo de country manager desde setembro do mesmo ano. A nomeação de Nazar trouxe à tona questões sobre possíveis conflitos de interesse, considerando a posição de seu tio como ministro da Fazenda e a natureza das atividades da Binance sob escrutínio.

Respostas da Receita Federal

Christine Gomes, auditora fiscal e coordenadora-geral de Programação e Estudos da Receita Federal, reforçou a posição do Ministério da Fazenda. Ela destacou que a Binance, sendo uma empresa estrangeira para fins tributários, está sujeita apenas às obrigações estabelecidas na Instrução Normativa 1.888/2019. Esta normativa requer que indivíduos e entidades que utilizam corretoras estrangeiras declarem suas transações financeiras.

Além disso, Gomes revelou que o Brasil participará do Crypto-Asset Reporting Framework, iniciativa da OCDE prevista para 2024, que visa facilitar a troca internacional de informações sobre criptoativos. Este movimento é parte de um esforço global para mitigar os riscos de lavagem de dinheiro e financiamento ao terrorismo.

Críticas e Consequências

O relatório final da CPI das Pirâmides Financeiras, que resultou no pedido de indiciamento de Guilherme Haddad por crimes financeiros, reflete a gravidade das acusações levantadas contra a Binance e outras empresas do setor cripto. O deputado Alfredo Gaspar, em declarações contundentes, criticou alegações de que grandes empresas poderiam operar fora do escopo legal brasileiro.

“Não podemos permitir que empresas, independentemente de seu porte ou influência, contornem o sistema legal brasileiro. Isso é inaceitável”, afirmou Gaspar em entrevista ao Portal do Bitcoin.

Conclusão

O caso da Binance no Brasil ilustra os desafios crescentes enfrentados pelos reguladores e legisladores diante da rápida evolução do mercado de criptomoedas. Enquanto o país se prepara para aderir ao framework internacional de criptoativos, questões sobre transparência, conformidade regulatória e equidade competitiva continuam a dominar o debate público. O papel das criptomoedas na economia global e sua interação com os sistemas jurídicos nacionais são temas cada vez mais urgentes e complexos, exigindo um equilíbrio cuidadoso entre inovação financeira e segurança regulatória.

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