Atualizado em 05/09/2024 por Ana Luiza
O uso de criptomoedas em campanhas eleitorais está ganhando espaço nos Estados Unidos. A vice-presidente Kamala Harris, agora candidata à presidência pelo Partido Democrata, é a mais recente figura política a adotar essa estratégia. Sua campanha, por meio do comitê de ação política (PAC) Future Forward, aceitou a colaboração da Coinbase Commerce, uma plataforma de pagamentos em criptomoedas, para arrecadar doações. A novidade reflete uma mudança significativa nas campanhas políticas, que buscam se adaptar a novas tecnologias e formas de financiamento.
A parceria entre Future Forward e Coinbase Commerce
No início de setembro, o PAC Future Forward, que apoia Kamala Harris, anunciou que aceitaria doações em criptomoedas. A parceria com a Coinbase Commerce permitirá que doadores contribuam usando uma variedade de moedas digitais. Entre as opções aceitas estão Bitcoin, Ethereum, Dogecoin, Shiba Inu, Litecoin, e outras. Essa abordagem representa um avanço nas formas de financiamento de campanhas, abrindo espaço para que doadores utilizem ativos digitais, em vez das tradicionais moedas fiduciárias.
De acordo com dados divulgados pela OpenSecrets, o PAC Future Forward já havia arrecadado cerca de US$ 164 milhões até o início de setembro de 2024. Embora inicialmente o PAC estivesse comprometido com a reeleição do presidente Joe Biden, o cenário mudou após a decisão de Biden de não disputar o cargo. Agora, o PAC concentra seus esforços na candidatura de Kamala Harris.
Como funcionam as doações em criptomoedas
Ao contrário do que se imaginava inicialmente, as doações em criptomoedas não serão direcionadas diretamente para a campanha de Kamala Harris. Em vez disso, elas serão administradas pelo PAC Future Forward. Essa distinção é importante, pois os PACs, que são comitês independentes, podem arrecadar fundos de forma menos restrita em comparação com as campanhas diretas. Eles têm um papel fundamental no financiamento de anúncios e outras iniciativas de apoio aos candidatos.
A Coinbase Commerce, a plataforma responsável por processar essas doações, oferece suporte para a conversão instantânea de criptomoedas em USDC, uma stablecoin atrelada ao dólar americano. Com isso, os fundos arrecadados em criptomoedas podem ser convertidos e utilizados de forma mais eficiente. Além disso, a Coinbase Commerce suporta transações com várias criptomoedas, como Bitcoin, Ethereum, USDT e USDC, facilitando o processo para os doadores.
Esse modelo de arrecadação oferece uma flexibilidade que pode atrair um novo grupo de doadores, especialmente aqueles que preferem utilizar criptomoedas como uma forma de contribuição. A rápida liquidação das transações e a ampla gama de ativos suportados tornam essa ferramenta uma escolha prática e moderna para campanhas eleitorais.
O uso de criptomoedas em campanhas: uma tendência crescente
O uso de criptomoedas em campanhas políticas não é exclusividade de Kamala Harris. O ex-presidente Donald Trump, por exemplo, adotou uma estratégia semelhante em maio deste ano. Sua campanha também fez uso da Coinbase Commerce para aceitar doações em criptomoedas, seguindo uma tendência que parece estar ganhando força entre candidatos de diferentes partidos.
Essa nova forma de arrecadação reflete uma mudança no comportamento dos eleitores e doadores, que cada vez mais buscam meios alternativos de participação política. As criptomoedas oferecem maior privacidade e segurança, além de permitir transações internacionais sem a necessidade de intermediários financeiros tradicionais. Isso pode ser especialmente relevante em um contexto onde as campanhas eleitorais precisam alcançar uma base diversificada de eleitores.
Implicações políticas e financeiras
A aceitação de criptomoedas em campanhas políticas levanta questões sobre a regulamentação e transparência das doações. Embora as transações em blockchain sejam registradas publicamente, a identidade dos doadores pode ser mantida anônima, o que preocupa alguns especialistas em integridade eleitoral. Nos Estados Unidos, a legislação sobre doações políticas é rigorosa, e a introdução das criptomoedas no processo eleitoral pode exigir novas formas de controle e auditoria.
Por outro lado, as criptomoedas também oferecem vantagens em termos de velocidade e eficiência. A conversão instantânea dos ativos digitais para stablecoins permite que os fundos arrecadados sejam usados rapidamente, sem a volatilidade associada a moedas como o Bitcoin. Além disso, a descentralização das criptomoedas pode permitir que doadores de fora dos Estados Unidos contribuam para as campanhas, desde que sigam as regulamentações locais.
O futuro das criptomoedas nas eleições
O envolvimento de Kamala Harris e Donald Trump com criptomoedas pode ser um indicador de que esse tipo de financiamento se tornará mais comum em futuras campanhas eleitorais. À medida que mais pessoas adotam as criptomoedas como meio de pagamento e investimento, é provável que o uso dessas moedas em contextos políticos se expanda. No entanto, o impacto total dessa mudança ainda está por ser determinado.
A adoção de criptomoedas por figuras políticas de destaque também pode influenciar o debate sobre a regulamentação desses ativos. Nos Estados Unidos, o mercado de criptomoedas já está sob escrutínio de agências reguladoras como a SEC (Securities and Exchange Commission), e o uso dessas moedas em campanhas eleitorais pode intensificar a necessidade de maior supervisão.
Por fim, o uso de criptomoedas em campanhas reflete um desejo de modernizar o processo eleitoral e torná-lo mais acessível. Para Kamala Harris, essa estratégia pode ajudar a atrair doadores mais jovens e conectados ao mundo digital, que veem nas criptomoedas uma forma de exercer sua cidadania de maneira inovadora. Ao mesmo tempo, os desafios regulatórios e de transparência permanecem, e será necessário encontrar um equilíbrio entre a inovação e a integridade eleitoral.