Deputada critica projeto cripto de Trump durante audiência no Congresso dos EUA

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Deputada critica projeto cripto de Trump durante audiência no Congresso dos EUA

Atualizado em 11/09/2024 por Ana Luiza

A congressista democrata Maxine Waters criticou duramente a plataforma de empréstimos cripto World Liberty Financial, promovida por Donald Trump e sua família, durante uma audiência na Câmara dos Deputados dos Estados Unidos. O projeto, que ainda não foi lançado oficialmente, tornou-se foco de preocupação devido a riscos associados ao setor de finanças descentralizadas (DeFi) e fraudes recentes. Waters destacou que o envolvimento de figuras públicas como a família Trump pode agravar a vulnerabilidade dos consumidores a golpes e práticas desleais.

A audiência, realizada na terça-feira, 10 de setembro de 2024, faz parte dos esforços do Congresso americano para debater os desafios e os riscos relacionados ao crescente mercado de criptomoedas e ao setor DeFi. Waters, uma voz influente no debate sobre regulação financeira, afirmou que os usuários da World Liberty Financial já foram prejudicados por golpes envolvendo o nome da plataforma, antes mesmo de seu lançamento oficial.

Fraude envolvendo contas hackeadas

Na semana anterior à audiência, as contas da rede social X (anteriormente conhecida como Twitter) de Tiffany Trump, filha do ex-presidente, e Lara Trump, sua nora, foram hackeadas. Sob o controle de cibercriminosos, as contas passaram a divulgar um token falso, supostamente relacionado ao lançamento da World Liberty Financial, em uma tentativa de enganar possíveis investidores. A fraude resultou na compra de cerca de US$ 1,8 milhão em tokens falsos por vítimas que acreditaram na legitimidade das informações divulgadas.

Waters criticou a facilidade com que os criminosos exploraram a fama dos Trump para promover o esquema. Ela ressaltou a responsabilidade dos legisladores em adotar medidas mais rígidas para proteger os consumidores contra esse tipo de golpe, especialmente em um setor ainda desregulado como o DeFi. Segundo a deputada, a rápida reação da plataforma X, que bloqueou as contas hackeadas em questão de minutos, não foi suficiente para evitar prejuízos significativos aos usuários.

Regulação e segurança no DeFi

Durante a audiência, o debate girou em torno da regulação do setor de finanças descentralizadas, com opiniões divergentes entre os legisladores democratas e republicanos. Enquanto Waters e outros democratas defenderam uma maior intervenção regulatória para garantir a proteção dos investidores, o presidente do subcomitê de Ativos Digitais, Tecnologia Financeira e Inclusão, o republicano French Hill, alertou que regulamentações excessivas poderiam sufocar a inovação no setor DeFi.

O subcomitê, criado em 2023, tem a missão de elaborar diretrizes para os reguladores federais que supervisionam o mercado de criptomoedas. Hill destacou que as recentes ações da Comissão de Valores Mobiliários dos EUA (SEC) contra empresas como a exchange de criptomoedas Coinbase são um exemplo de como a fiscalização regulatória pode prejudicar o desenvolvimento do setor. Em resposta, o congressista democrata Stephen Lynch afirmou que a única forma de o setor sobreviver a longo prazo seria por meio de uma legislação apropriada que equilibrasse inovação e proteção ao consumidor.

Riscos e benefícios do DeFi

Além da World Liberty Financial, outros projetos de finanças descentralizadas também foram tema de discussão na audiência. Waters e outros membros do comitê ressaltaram que o setor DeFi, embora ofereça vantagens em termos de inclusão financeira e inovação tecnológica, também está repleto de riscos. Entre os principais problemas citados estão hacks, fraudes e conflitos de interesse, que afetam tanto os investidores quanto a credibilidade do mercado como um todo.

Uma das testemunhas que depôs durante a audiência foi Mark Allen Hays, analista sênior da Americans for Financial Reform. Hays alertou sobre o crescente uso de figuras públicas para promover projetos de criptomoedas, muitas vezes sem qualquer valor tangível. Ele citou o caso da exchange FTX, promovida por celebridades como o comediante Larry David, que acabou colapsando em 2022, prejudicando milhares de investidores.

Hays argumentou que o DeFi deve estar sujeito às mesmas regras e proteções que o mercado tradicional de valores mobiliários, especialmente quando envolve o dinheiro de pequenos investidores. Ele defendeu que plataformas como a World Liberty Financial, promovidas por celebridades, podem criar uma falsa sensação de segurança entre os consumidores, levando-os a investir em ativos de alto risco sem o devido conhecimento sobre os perigos envolvidos.

O papel dos reguladores

A SEC, que supervisiona o mercado de valores mobiliários nos Estados Unidos, também foi alvo de críticas durante a audiência. Waters questionou a eficácia da agência em lidar com a crescente complexidade do setor DeFi. Em janeiro deste ano, a própria conta oficial da SEC no X foi hackeada, e uma mensagem falsa foi publicada afirmando que a agência havia aprovado um ETF de Bitcoin antes de sua aprovação oficial. O incidente aumentou as preocupações sobre a capacidade dos reguladores de acompanhar a rápida evolução do mercado de criptomoedas.

Por outro lado, alguns legisladores republicanos sugeriram que a SEC está sendo excessivamente agressiva em sua abordagem, processando empresas cripto sem fornecer orientações claras sobre o que é considerado legal ou ilegal no mercado DeFi. Essa falta de clareza, argumentaram, cria um ambiente de incerteza jurídica que prejudica o desenvolvimento de novas tecnologias financeiras nos Estados Unidos.

Desafios para o futuro do DeFi

À medida que o setor de finanças descentralizadas cresce, as questões sobre segurança, regulação e o papel das celebridades na promoção de projetos cripto continuarão no centro das discussões legislativas. A audiência no Congresso americano deixou claro que, embora o DeFi ofereça oportunidades de inovação, os riscos associados são elevados e exigem uma abordagem cuidadosa por parte dos reguladores.

O caso da World Liberty Financial, promovida por Donald Trump e sua família, exemplifica como o envolvimento de figuras públicas pode aumentar a exposição dos consumidores a fraudes e golpes. Waters e outros membros do Congresso defenderam que é necessário fortalecer as proteções para evitar que incidentes como o hack das contas de Tiffany e Lara Trump voltem a ocorrer.

O futuro do DeFi nos Estados Unidos dependerá, em grande parte, das decisões que serão tomadas no Congresso e nos órgãos reguladores. Enquanto alguns defendem uma abordagem mais liberal, permitindo que o mercado se autorregule, outros, como Waters, acreditam que a intervenção governamental é essencial para garantir a segurança dos investidores e a estabilidade do mercado. A divisão entre essas visões opostas moldará o caminho que o setor de criptomoedas seguirá nos próximos anos.

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