‘De maneira geral, sempre fui execrada pelos críticos’

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‘De maneira geral, sempre fui execrada pelos críticos’

Atualizado em 07/04/2022 por Redação



‘De maneira geral, sempre fui execrada pelos críticos’

Boa parte das pessoas associa o nome Rita Lee ao universo do rock como uma das musas do gênero no Brasil. Outra parte a reconhece como pelo lado literário comprovado em uma autobiografia, de 2016, e nos livros “Dropz”, de 2017, e “favoRita”, de 2018. Agora está na hora das pessoas conhecerem o lado escritora infantil da paulista de 71 anos.

Distante das apresentações há anos, Lee vem se bandeando para a trincheira dos escritores com periodicidade anual e o lançamento de 2019 é “Amiga Ursa – uma história triste, mas com final feliz”, no qual a trajetória de ursa siberiania que vai parar em um zoológico do Piuaí é contado em tom de conscientização para as gerações mais novas. “A história de Rowena não é um conto de fadas”, disse a escritora em entrevista ao Destak. 

O livro é baseado em fatos reais. Há elementos fantásticos como uma rede de ativistas com personagens femininas misteriosas, Lulu e Papisa, que cuida de animais de modo holístico. De onde surgiram os elementos, indivíduos e até que pontos isso tudo dialoga com a realidade?

Tudo o que está no livrinho aconteceu de verdade. Papisa BB [nome fictício da atriz francesa Brigitte Bardot] e eu acompanhamos e torcemos de longe para que o resgate feito por Luisa Mell desse certo. Tanto BB, quanto Luisa [ativista e apresentadora] e eu, possuímos cristais Phantom, com os quais nos conectamos à distância e trocamos figurinhas sobre os maus-tratos aos animais.

O livro tem um caráter panfletário para estimular as novas gerações a mudarem a forma como lidam como animais. É quase um manifesto em prol da mudança de consciência dos jovens?

Escrevi pensando na geração pós-millennials, que eu chamo de crianças “índigo cristal”. Elas estarão naturalmente conectadas na defesa e no respeito a todas as formas de vida. Essa criançada vai retomar o trabalho inacabado dos hippies, quando o “paz e amor” virou um clichê obsoleto. 

Como você avalia o modo como lidamos com o planeta?

Estaremos lutando pró-Natureza e tudo o que ela representa. Os humanos provam cada vez mais sua incompetência em administrar o planeta e ainda estamos na idade média em relação aos maus-tratos contra o reino animal. Basta ver os rodeios, vaquejadas, farras do boi, rinhas de galos e de cachorros, touradas, circos e zoológicos e todos os eventos que humilham os bichos e que são realizados na presença de crianças. Isso sem contar a barbaridade que acontece em aviários e abatedouros.

Como é transitar entre a composição e escrever livros? Como descreveria a experiência de escrever o livro infantil?

Nos anos 1980, escrevi 4 livros infantis sobre o ratinho Alex, um personagem ambientalista que já falava do perigo de usinas nucleares, do desmatamento da Amazônia, da mineiração desenfrada e de outros assuntos atualíssimos. A Globo Livros planeja relançá-los. Assim como fazer letras de música, para escrever para crianças basta girar uma chave e me transformar numa delas. 

Seus álbuns eram aguardados por conterem músicas que conversavam com momentos políticos e comportamentais do Brasil, sempre com bom humor e perspicácia. Existem planos para um novo disco?

Parei de me apresentar nos palcos, mas sigo fazendo músicas. Tenho fitas demo gravadas e se a preguiça deixar, entro num estúdio e faço para valer. No momento, estou mergulhada na literatura, que está me dando mais prazer.

Como avalia a maneira como a mídia te tratou ao longo de décadas de carreira?

Quando comecei a dar entrevistas por e-mail, há vinte anos, fui tachada de fujona. Hoje, todo mundo faz dessa maneira. Quando comecei a carreira solo, pós-mutantes, fui crucificada pelos críticos machistas do clube do Bolinha, que diziam que para fazer rock tinha que “ter colhão”. E lá fui eu, com meu útero e ovários fazer rock. De uma maneira geral, sempre fui execrada pelos críticos. Mas é aquele velho ditado: os cães ladram e a caravana passa
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