Agricultoras protestam contra a construção de Energia Eólica

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Agricultoras protestam contra a construção de Energia Eólica

Atualizado em 03/05/2022 por Maria Clara

O protesto feito pela comunidade de agricultoras da cidade de Borborema trouxe a tona diversos problemas causados pela construção de complexos de energia eólica.

Borborema que fica no Semiárido da Paraíba, tem um grupo forte de mulheres ativas e engajadas nas causas políticas e sociais. Constantemente elas vão as ruas para expor o machismo que sofrem na agricultura e também para defender a agroecologia.

Dessa vez o grupo de 4 mil mulheres se reuniu em Solânea na Paraíba para acusar a empresa EDP Renováveis de criar um projeto sem pensar nas impactos ambientes e sociais para a comunidade local.

Elas dizem não serem contra as energias renováveis, até mesmo propõem um modo diferente de produção de energia limpa.

Quando em 2018 o assunto apareceu na região, a partir da vinda de funcionários da empresa responsáveis por fazer as pesquisas, uma parte do grupo das agricultoras decidiram ir conhecer uma região de Pernambuco. Elas queriam ver com seus próprios olhos o que aconteceria com a comunidade caso aceitassem o projeto.

O cenário que encontraram não foi muito agradável. O barulho interminável causados pelos eólicos impediam que a população que morava nos arredores dormissem direito, o que levou a criar um quadro de estresse e até mesmo de depressão na comunidade. Isso prejudicava também o desenvolvimento da agricultura, pois não era possível trabalhar direito por causa do barulho e também pelo risco de acidentes.

Outro problema encontrado muito grave são os “filhos do vento”. Com a vinda de trabalhadores homens para a cidade, muitos assédios aconteciam e também namoros com as mulheres locais. Algumas engravidam, os filhos nascem e os homens vão embora. Essas crianças sem pai ficam conhecidas como filhos do vento.

Ademais, os pequenos agricultores fecham contratos com a empresa para ceder suas terras ao complexo em troca de uma renda mensal. Eles acabam recebendo muito menos do que foi prometido. Inicialmente, na conversa entre os agricultores e os funcionários da empresa, é apresentado a proposta de pagamento entre 3 a 4 mil reais por mês, mas esses dados nem chegam a constar nos contratos.

O estudo de Mariana Traldi, professora do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo, revela sobre o pagamento de duas comunidades diferentes, uma na Bahia e outra no Rio Grande do Norte.

O que era dado aos agricultores correspondia a 0,91% dos ganhos brutos da empresa – pagamento de R$ 684,46 a 1.222,99 por mês.

A solução apresentada pelo grupo das protestantes é a construção de placas de energia solar, o que será tão positivo quanto a eólica para o meio ambiente, e ainda proporcionará a venda do excedente de energia produzida.

Porém, alguns dos moradores da comunidade já fecharam contrato com a empresa EDP Renováveis. A empresa declara que está comprometida com as causas sociais e que se preocupa com o desenvolvimento da comunidade. Sobre os filhos do vento, uma das medidas da empresa é buscar contratar trabalhadores locais e desenvolver programas de educação sexual.

Roselita Albuquerque, líder do movimento das mulheres em Borborema, declara que o cenário atual a agroeconomia do Brasil dificulta a recusa dos agricultores aos contratos de instalação de energia eólica e por causa disso, muitos acabam cedendo.

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