BlackRock e a Crise da Dívida dos EUA: Bitcoin Surge como Alternativa de Proteção

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BlackRock e a Crise da Dívida dos EUA: Bitcoin Surge como Alternativa de Proteção

Atualizado em 19/09/2024 por Ana Luiza

O cenário de crescente preocupação em torno da dívida dos Estados Unidos está elevando o Bitcoin a uma nova posição de destaque entre investidores institucionais. A maior gestora de ativos do mundo, a BlackRock, revelou recentemente que seus clientes têm comprado Bitcoin como uma proteção contra uma potencial crise da dívida dos EUA. Em um relatório divulgado na quarta-feira, 18 de setembro, a empresa destacou que o ativo digital, embora visto como arriscado, tem características que o diferenciam de outras classes de investimentos.

O Contexto da Dívida dos EUA e o Papel do Bitcoin

Atualmente, os Estados Unidos enfrentam uma dívida pública de cerca de US$ 35 trilhões, com um déficit orçamentário anual de US$ 2 trilhões. A perspectiva de uma crise financeira, impulsionada pelo aumento da dívida e pela incapacidade de contê-la, tem gerado preocupações tanto dentro quanto fora do país. Esses fatores levaram alguns a buscarem alternativas ao dólar americano como reserva de valor. Entre os proponentes dessa abordagem está a senadora republicana Cynthia Lummis e o ex-presidente Donald Trump, que sugeriram o Bitcoin como um meio para ajudar a saldar a dívida nacional.

A BlackRock aponta que o Bitcoin possui uma “exposição fundamental limitada” às variáveis macroeconômicas que impactam outras classes de ativos. Analistas da gestora argumentam que sua oferta limitada, sua natureza global e a facilidade de transferência entre fronteiras fazem do Bitcoin uma opção viável como reserva alternativa. A empresa descreve o ativo como uma “alternativa monetária não soberana”, amplamente desvinculada de crises bancárias, crises de dívida soberana, desvalorização de moedas nacionais e perturbações geopolíticas.

No entanto, a BlackRock também reconhece que o Bitcoin, por ser uma tecnologia emergente e sujeito a variações regulatórias, ainda carrega riscos. Apesar disso, a gestora destaca que esses riscos não são os mesmos enfrentados por outras classes de ativos, como imóveis, o que pode tornar o Bitcoin uma alternativa mais atraente para determinados perfis de investidores.

A Imaturidade do Bitcoin e o Mercado Global

Embora o Bitcoin seja frequentemente citado como uma reserva de valor em tempos de crise, sua performance nos últimos anos não tem seguido esse padrão de forma consistente. Desde 2020, especialmente após o colapso dos mercados devido à pandemia de COVID-19, o Bitcoin tem demonstrado uma correlação significativa com as bolsas de valores, especialmente com ações do setor de tecnologia. Durante a invasão da Ucrânia pela Rússia em 2022, por exemplo, o Bitcoin inicialmente sofreu uma queda de 6% em apenas 10 dias, mas depois registrou uma recuperação de 15% no período de 60 dias.

Esses comportamentos contraditórios, segundo a BlackRock, são reflexo da imaturidade do Bitcoin como um ativo financeiro. A gestora de ativos também observa que o Bitcoin, por ser altamente líquido, tende a ser mais suscetível a vendas rápidas em momentos de pânico, algo que não ocorre com a mesma intensidade em ativos como imóveis.

Apesar dessas flutuações, a empresa enxerga um crescimento da adoção do Bitcoin conforme aumentam as preocupações com eventos de crise, como crises bancárias e desvalorização de moedas nacionais. Esse cenário se alinha à narrativa defendida por anos pelos entusiastas do Bitcoin, que o veem como um ativo de refúgio seguro não correlacionado a outros mercados.

A Crise da Dívida Americana e a Busca por Alternativas

O aumento do interesse institucional pelo Bitcoin, segundo a BlackRock, pode ser explicado pelas crescentes preocupações com a situação financeira dos Estados Unidos. A dívida pública crescente, combinada com a instabilidade política e econômica, tem levado investidores a considerar alternativas ao dólar. Além disso, as políticas monetárias expansionistas adotadas pelo Federal Reserve nos últimos anos aumentaram os temores de desvalorização do dólar, o que impulsionou a procura por ativos com oferta limitada, como o Bitcoin.

A BlackRock, no entanto, ressalta que o Bitcoin ainda é considerado um ativo arriscado, em parte devido às incertezas regulatórias que o cercam. Governos ao redor do mundo estão estudando formas de regulamentar o mercado de criptomoedas, o que pode impactar diretamente o valor e a usabilidade do Bitcoin no futuro. Esses riscos regulatórios, combinados com a volatilidade histórica da moeda digital, fazem com que muitos investidores ainda vejam o Bitcoin com cautela.

Por outro lado, o relatório da BlackRock destaca que o Bitcoin não compartilha os mesmos riscos que outras classes de ativos, como ações e imóveis. A facilidade de liquidez e a ausência de um vínculo direto com eventos geopolíticos ou macroeconômicos tradicionais tornam o Bitcoin uma opção interessante para quem busca diversificação de portfólio em tempos de incerteza.

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