Atualizado em 19/07/2024 por Ana Luiza
A BlockFi, uma das principais credoras de criptomoedas, anunciou que começará a distribuir criptomoedas para seus credores a partir deste mês. As distribuições serão realizadas através da Coinbase e representam um passo significativo na recuperação da empresa após a falência.
Anúncio e Detalhes da Distribuição
Na quarta-feira, 17 de julho, a BlockFi informou que as distribuições serão processadas em lotes ao longo dos próximos meses. Clientes elegíveis receberão notificações no e-mail da conta BlockFi registrada. Contudo, clientes fora dos EUA não poderão receber fundos neste momento devido às exigências regulatórias específicas.
A notícia marca um avanço importante na trajetória da BlockFi, que entrou com pedido de proteção contra falência do Capítulo 11 em novembro de 2022. A falência ocorreu em meio ao colapso da exchange de criptomoedas FTX, com a qual a BlockFi tinha uma exposição significativa.
História e Crescimento da BlockFi
Fundada em 2017 por Zac Prince e Flori Marquez, a BlockFi rapidamente se destacou no mercado de criptomoedas. A empresa oferecia contas de juros altos e empréstimos garantidos por criptomoedas, atraindo um grande número de clientes. Em março de 2021, a BlockFi obteve um financiamento de US$ 350 milhões em uma Série D, elevando sua avaliação a US$ 3 bilhões.
No entanto, problemas começaram a surgir em julho de 2021, quando vários estados dos EUA emitiram ordens de cessar e desistir contra a empresa. As autoridades alegavam que as contas de juros oferecidas pela BlockFi representavam valores mobiliários não registrados. Em fevereiro de 2022, a empresa fez um acordo com a SEC, pagando US$ 100 milhões sobre seu produto de empréstimo.
Impacto do Colapso da FTX
O golpe final para a BlockFi veio em novembro de 2022, quando a FTX entrou em colapso. A BlockFi tinha uma exposição substancial à FTX e sua afiliada de trading, Alameda Research, com mais de US$ 1,2 bilhão em ativos envolvidos. A falência da FTX e da Alameda resultou em severos problemas de liquidez para a BlockFi, levando-a a pedir proteção contra falência em 28 de novembro de 2022. A empresa listou mais de 100 mil credores em seus documentos de falência.
Nos meses seguintes, os executivos da BlockFi atribuíram amplamente seus problemas à FTX e à Alameda. O plano de reestruturação da BlockFi, que foi aprovado por 90% dos credores votantes, traçou um caminho para os reembolsos aos credores. Em outubro de 2023, a BlockFi saiu da falência, quase um ano após o pedido inicial.
Parceria com a Coinbase e Processo de Distribuição
Como parte do plano de saída da falência, a BlockFi firmou uma parceria com a Coinbase para facilitar a distribuição de fundos aos credores. A empresa começará a processar retiradas para clientes de carteiras primeiro, seguidas pelas distribuições para clientes de Contas de Juros BlockFi (BIA) e de empréstimos. A estimativa é que os titulares de BIA recuperem entre 39,4% e 100% de seus fundos, dependendo dos resultados dos processos de falência da FTX e do valor do patrimônio da BlockFi na Robinhood.
Expectativas e Desafios
Em julho de 2024, os clientes da BlockFi ainda aguardam as distribuições provisórias anunciadas pela empresa. Enquanto clientes de carteiras puderam retirar fundos, aqueles com BIA e empréstimos ainda não receberam reembolsos. O momento exato e os valores dessas distribuições permanecem incertos, devido aos complexos processos legais em torno da falência da FTX.
Reflexões sobre a Recuperação da BlockFi
A recuperação da BlockFi após a falência é uma história de resiliência e adaptação. Desde sua fundação em 2017, a empresa teve um crescimento meteórico, enfrentou desafios regulatórios significativos e sofreu um golpe devastador com o colapso da FTX. No entanto, a aprovação do plano de reestruturação e a parceria com a Coinbase mostram um caminho claro para a recuperação.
Impacto no Mercado de Criptomoedas
A falência da BlockFi e sua recuperação têm implicações significativas para o mercado de criptomoedas. A situação destaca a importância da gestão de risco e da conformidade regulatória em um mercado ainda emergente e volátil. Além disso, a parceria com a Coinbase para a distribuição de fundos ressalta a importância de colaborações estratégicas para enfrentar crises financeiras.
Conclusão
A trajetória da BlockFi é um reflexo dos altos e baixos do mercado de criptomoedas. A empresa passou de um crescimento rápido para desafios regulatórios e uma falência devastadora. No entanto, com um plano de reestruturação bem-sucedido e uma parceria estratégica com a Coinbase, a BlockFi está no caminho da recuperação. As distribuições de criptomoedas aos credores marcam um passo significativo nesse processo, oferecendo um raio de esperança para os investidores afetados. A jornada da BlockFi serve como um lembrete da importância de resiliência, adaptação e inovação no mundo das finanças digitais.