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Atualizado em 14/02/2025 por Redação
Com o crescimento das apostas esportivas, uma situação que passou a chamar atenção são os casos de manipulação de resultados, com quadrilhas subornando jogadores para receberem cartões e até perderem partidas.
Esses esquemas afetam não apenas a integridade do esporte, já que o cenário de manipulação de jogos impacta diretamente os palpites de futebol no Brasil. Ao jogar, saiba quando apostar e quando parar.
Uma boa notícia é que o Brasil deixou de ser o país com mais casos suspeitos de manipulação de resultados. A empresa Sportradar, que monitora esses casos para a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e a FIFA, desempenha um papel fundamental nesse processo.
Brasil tem grande queda suspeitas de manipulações no futebol
O Brasil registrou uma queda significativa de 45% nos incidentes de manipulação de apostas entre janeiro e outubro de 2024, em comparação com o mesmo período de 2023.
A CBF registrou uma redução de 65% no número de relatórios de jogos suspeitos recebidos, resultado de diversas práticas de prevenção e combate à manipulação de resultados adotadas pela entidade, federações e clubes. Felippe Marchetti, diretor de integridade da Sportradar no Brasil, destacou em entrevista ao Globo Esporte que estão implementando ações pontuais, focando na conscientização dos jogadores por meio de iniciativas educacionais e plataformas de treinamento.
“Os relatórios mais detalhados para as federações também colaboram, pois trazem muitos dados que auxiliam as investigações. Isso tudo afasta manipuladores”, destacou Marchetti.
Nos anos de 2022 e 2023, o Brasil liderou globalmente em casos de manipulação, com 152 e 109 casos, respectivamente. No entanto, a grande redução deve tirar o país dessa posição. Desde 2017, a Sportradar, contratada pela CBF, realiza levantamentos abrangendo todas as competições nacionais. No relatório mais recente de 2023, não foram identificadas partidas suspeitas nas Séries A e C do Campeonato Brasileiro, Copa do Brasil e Copa do Nordeste.
Por outro lado, na Série B, o Tombense está sob suspeita em um jogo contra o Londrina, enquanto, na Série D, o Interporto-TO é o mais citado, com cinco jogos suspeitos. Desde o segundo semestre de 2023, a CBF mantém uma Unidade de Integridade dedicada ao combate à corrupção em partidas de futebol, reforçando a Operação Penalidade Máxima e cooperando com a Polícia Federal para investigar casos suspeitos.
“Rei do Rebaixamento” presta depoimento e admite manipulações
O empresário William Rogatto prestou depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Manipulação de Resultados, admitindo envolvimento na manipulação de jogos, especialmente em campeonatos estaduais no Brasil, para lucrar com o rebaixamento de diversos clubes.
“Não roubei ninguém, não matei ninguém. Eu trabalhei em cima do sistema, o sistema é falho, a política não funciona, o sistema não funciona. Achei uma brecha no sistema, que me fortaleceu. Eu me considero um lambari pequeno demais, muita gente grande eu seguro nas costas, mas a gente cansa. Basicamente, eu engano o presidente do clube. Vou pagar ele para colocar os meus atletas. Aquele time vai perder, ele vai me beneficiar nas minhas apostas. Alguns presidentes sabiam e aceitavam. Eu rebaixei 42 clubes no Brasil”, afirmou Rogatto.
Rogatto também comentou sobre John Textor, dono da SAF do Botafogo, que fez denúncias, mas não apresentou provas concretas. Segundo ele, Textor “não é tão louco como pensam” e insinuou a profundidade do esquema de manipulação.
“O sistema é muito além disso, os grandes não vão cair nunca. Estamos falando de dentro da CBF, de dentro das federações, tenho provas e vídeos. Isso não vai dar em nada, vai fazer vítimas do sistema e, no final, não vai acabar porque não é de agora. Isso existe há mais de 40 anos, eu fiz parte do sistema”, disse.
Willian Rogatto, atualmente residindo em Portugal, prestou depoimento por videoconferência e revelou ter manipulado resultados em mais de nove países, incluindo a Colômbia. “Tem político, vereador, prefeito. O sistema é único e para entrar é preciso de pessoas. Todo mundo gosta de dinheiro. Eu sempre procurei entrar pelas secretarias de Esporte”, destacou.
O empresário é alvo de investigações e possui ordens de busca, apreensão e prisão preventiva no Brasil, que ainda não foram cumpridas devido à sua residência no exterior.