Atualizado em 11/09/2024 por Ana Luiza
O Brasil ocupa a décima posição no Índice Global de Adoção de Criptomoedas de 2024, segundo estudo da Chainalysis, uma plataforma de dados blockchain. A pesquisa, publicada nesta quarta-feira (11), destaca os 20 principais países que aderem a ativos digitais. O estudo revela que, além do Brasil, outras nações da América Latina, como Venezuela (13º), México (14º) e Argentina (15º), também figuram na lista.
Na liderança global estão Índia, Nigéria e Indonésia, que ocupam o primeiro, segundo e terceiro lugares, respectivamente. A presença desses países no topo reflete a crescente popularidade das criptomoedas em regiões com economias emergentes e o aumento da atividade de criptoativos em mercados locais. O estudo abrangeu diversas regiões e analisou padrões de uso e comportamento, tanto em exchanges tradicionais quanto em serviços descentralizados (DeFi).
O contexto global das criptomoedas
De acordo com o relatório da Chainalysis, a adoção global de criptomoedas registrou um aumento expressivo entre o último trimestre de 2023 e o primeiro de 2024. Esse crescimento superou os níveis observados durante o bull market de 2021, que foi marcado por uma explosão de investimentos e especulações no mercado cripto. O aumento da adoção global pode ser atribuído a uma série de fatores, entre os quais estão o aumento do interesse institucional, impulsionado pelo lançamento de ETFs de Bitcoin nos Estados Unidos, e o crescimento contínuo do uso de stablecoins.
Além disso, o relatório aponta que o aumento na adoção não está restrito a uma única faixa de renda. Enquanto em 2023 o crescimento foi impulsionado principalmente por países de renda média-baixa, em 2024 o aumento de atividade abrangeu também países de renda média-alta e alta. Isso reflete uma tendência de diversificação dos mercados cripto, com investidores de diferentes perfis e contextos econômicos se engajando com esses ativos.
O papel das stablecoins e do DeFi no cenário atual
Um dos destaques do estudo é o crescimento das stablecoins, que superaram o Bitcoin em termos de transferências de varejo e operações de tamanho profissional. Essas moedas, cuja principal característica é a paridade com moedas fiduciárias, estão sendo amplamente utilizadas em casos de uso práticos, especialmente em regiões de renda média-baixa, como África Subsaariana e América Latina. Essas áreas têm visto um aumento na utilização de stablecoins para remessas internacionais e proteção contra a volatilidade das moedas locais.
A atividade no setor de finanças descentralizadas (DeFi) também desempenhou um papel importante no cenário global de criptomoedas, especialmente em países de renda média-baixa. O relatório da Chainalysis destaca que houve um crescimento significativo no uso de serviços DeFi em regiões como África Subsaariana, América Latina e Europa Oriental. Esse aumento na atividade foi acompanhado por um maior interesse em altcoins, ou seja, criptomoedas alternativas ao Bitcoin, que são frequentemente utilizadas em plataformas descentralizadas.
Adoção por regiões: um olhar sobre Ásia e América Latina
A Ásia Central, Meridional e a Oceania (CSAO) se destacaram como as regiões com maior adoção de criptomoedas, segundo o índice de 2024. Sete dos 20 principais países em adoção estão localizados nessas regiões. Entre os fatores que impulsionam esse crescimento está a presença de mercados locais de criptomoedas com alto nível de atividade, tanto em exchanges tradicionais quanto em plataformas DeFi. A Índia, que lidera o ranking global, é um exemplo notável dessa tendência, apesar de um ambiente regulatório e tributário desafiador.
A América Latina também tem se mostrado uma região de destaque no mercado de criptoativos. Com Venezuela, México, Argentina e Brasil figurando no top 20, o estudo aponta para o papel crescente que os ativos digitais têm desempenhado em economias que enfrentam desafios econômicos e financeiros. A alta inflação e a desvalorização das moedas locais têm levado muitos latino-americanos a buscar criptomoedas como uma forma de proteção patrimonial e acesso a serviços financeiros que, de outra forma, seriam inacessíveis.
Desafios regulatórios e tributários
O ambiente regulatório continua a ser um fator crítico para o crescimento e a adoção de criptomoedas em todo o mundo. O caso da Índia, que ocupa a primeira posição no índice, é emblemático. O país impôs um imposto de 30% sobre os ganhos de capital com criptomoedas, além de uma taxa de 1% sobre todas as transações, conhecida como imposto deduzido na fonte (TDS). Essas medidas têm levado alguns investidores a buscar alternativas em exchanges internacionais que não seguem as mesmas regras, o que levanta questões sobre a eficácia das regulamentações locais.
Em outros países, o cenário regulatório é igualmente complexo. Na América Latina, governos estão começando a desenvolver políticas para regular o uso de criptoativos, mas a implementação ainda está em fase inicial. A falta de clareza nas regras fiscais e a ausência de uma estrutura jurídica robusta criam um ambiente de incertezas tanto para investidores quanto para empresas que operam no setor.
O futuro da adoção de criptomoedas
O relatório da Chainalysis sugere que a tendência de adoção de criptomoedas continuará a crescer nos próximos anos, especialmente à medida que mais países desenvolvem regulamentações claras e amigáveis para o setor. No entanto, o futuro do mercado cripto dependerá de uma série de fatores, incluindo o desenvolvimento de novas tecnologias, a evolução dos mercados financeiros tradicionais e a capacidade das empresas do setor de superar desafios regulatórios e operacionais.
Embora o estudo tenha destacado o crescimento em regiões emergentes, o impacto das criptomoedas em países desenvolvidos também está aumentando. Nos Estados Unidos e na Europa, por exemplo, o lançamento de ETFs de Bitcoin e o aumento da aceitação institucional têm impulsionado o interesse por esses ativos. A expectativa é de que, à medida que mais produtos financeiros relacionados a criptomoedas sejam lançados, a adoção aumente ainda mais.
Além disso, o relatório aponta que a tecnologia blockchain, que sustenta as criptomoedas, tem potencial para transformar uma variedade de setores, desde serviços financeiros até logística e saúde. Isso pode ampliar ainda mais o escopo de adoção desses ativos, à medida que mais empresas e governos explorem as possibilidades oferecidas por essa tecnologia.