Atualizado em 09/07/2024 por Ana Luiza
A Argentina tem se destacado no cenário mundial de criptomoedas, principalmente devido ao aumento vertiginoso da inflação. Com uma taxa anual de 276%, o país lidera a adoção de criptomoedas no Hemisfério Ocidental, segundo a Forbes. Esse cenário tem impulsionado o número de argentinos a buscar alternativas financeiras, tornando o país o principal mercado de visitantes da Binance, uma das maiores bolsas de criptomoedas do mundo.
Crescimento da Adoção de Criptomoedas na Argentina
A adoção de criptomoedas na Argentina alcançou recordes à medida que a inflação local disparou. A inflação desenfreada tem levado muitos argentinos a buscar alternativas de preservação de valor, e as criptomoedas emergiram como uma solução viável. De acordo com analistas da Forbes, a Argentina lidera a adoção de criptomoedas no Hemisfério Ocidental, superando outros países em proporção à sua população global.
O relatório da Forbes, publicado em 8 de julho, destaca que dos 130 milhões de visitantes das 55 maiores bolsas de criptomoedas do mundo, 2,5 milhões são argentinos. Esse dado é corroborado pelo site Similarweb, que identifica a Argentina como o principal mercado da Binance em termos de visitantes, representando 6,9% do total de visitas à plataforma.
Preferência por Stablecoins
Diferente da tendência global de adoção de memecoins, na Argentina, a preferência recai sobre stablecoins, como o Tether (USDT). Maximiliano Hin, chefe da Bitget para a América Latina, observa que muitos argentinos compram USDT em dinheiro e o mantêm sem realizar outras transações. Hin destaca que essa prática é peculiar à Argentina, onde a estabilidade oferecida pelas stablecoins é vista como uma proteção contra a inflação galopante.
Stablecoins são projetadas para manter um valor estável, geralmente atrelado a uma reserva de dólares americanos na proporção de 1:1. Com as altas taxas de inflação local, manter dinheiro em USDT faz sentido para muitos argentinos, apesar da falta de medidas significativas no país para proteger os investidores em stablecoins.
Desafios Regulatórios
Apesar da popularidade das criptomoedas, a Argentina enfrenta desafios significativos na regulamentação desse mercado. O país aprovou o uso do Bitcoin em contratos juridicamente vinculativos no final de 2023, após a posse do presidente Javier Milei. Em abril de 2024, foram implementados requisitos de registro para empresas de criptomoedas. No entanto, até o momento, nenhuma das principais bolsas de criptomoedas, incluindo a Binance, se registrou na Comissão Nacional de Valores Mobiliários (CNV), o regulador nacional.
Maximiliano Hin da Bitget observa que não há exigência de licenciamento nos países latino-americanos onde a Bitget opera. A falta de uma estrutura regulatória clara dificulta a oferta de serviços regulamentados de criptomoedas à população argentina. O Cointelegraph entrou em contato com a CNV para comentar sobre as regulamentações locais, mas não obteve resposta até a publicação desta matéria.
Programa de Criptomoedas do Partido de Trump
No cenário político, o Partido Republicano, liderado por Donald Trump, lançou um programa que visa impulsionar a inovação com criptomoedas. Intitulado “GOP Plataforma 2024 — Faça a América Grande de Novo!”, o documento destaca a oposição dos republicanos à criação de uma Moeda Digital do Banco Central (CBDC) e defende o direito de minerar Bitcoin. O programa promete acabar com a repressão às criptomoedas e garantir a autocustódia dos ativos digitais pelos americanos.
Donald Trump, provável candidato presidencial republicano, começou a aceitar doações em criptomoedas e pediu anteriormente que todo o Bitcoin restante fosse minerado nos Estados Unidos. Este posicionamento contrasta com a abordagem da administração Biden, que enfrenta críticas regulatórias constantes.
A eleição presidencial de 2024 nos EUA será a primeira em que as criptomoedas podem surgir como uma questão política importante. Movimentos como doações significativas de Bitcoin para a campanha de Trump pelos irmãos Winklevoss destacam o interesse crescente do setor cripto no cenário político.
Implicações Futuras
O crescimento da adoção de criptomoedas na Argentina e o posicionamento político dos EUA em relação a esses ativos digitais indicam um futuro onde as criptomoedas terão um papel cada vez mais central nas economias globais. A inflação elevada na Argentina e a busca por alternativas financeiras estáveis refletem um fenômeno que pode se repetir em outras economias em crise.
Enquanto os desafios regulatórios permanecem, a demanda crescente por criptomoedas demonstra a necessidade de políticas claras e eficazes. Tanto na Argentina quanto nos EUA, as criptomoedas estão moldando debates econômicos e políticos, influenciando decisões que podem redefinir o sistema financeiro global.
As próximas eleições e as políticas adotadas por líderes como Trump terão um impacto significativo na direção futura das criptomoedas. A resposta dos governos e a evolução das regulamentações serão cruciais para determinar o papel das criptomoedas na economia global.
Neste cenário dinâmico, a Argentina serve como um exemplo de como crises econômicas podem acelerar a adoção de novas tecnologias financeiras, enquanto os EUA mostram como políticas governamentais podem influenciar essa adoção em escala global.