Correlação entre Criptomoedas e Ações nos EUA Atinge Maior Nível Desde 2022

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Correlação entre Criptomoedas e Ações nos EUA Atinge Maior Nível Desde 2022

Atualizado em 23/09/2024 por Ana Luiza

Nos últimos meses, a correlação entre criptomoedas e ações nos Estados Unidos voltou a níveis não vistos desde 2022. Com o recente corte de juros pelo Federal Reserve (Fed) e a aproximação das eleições presidenciais, tanto o mercado financeiro quanto o de ativos digitais têm experimentado um comportamento sincronizado, o que reforça a influência dos fatores macroeconômicos sobre esses setores.

De acordo com dados da Bloomberg, o índice que mede a correlação entre as 100 maiores criptomoedas e o S&P 500 atingiu 0,67 nos últimos 40 dias. Este é o maior nível desde o segundo trimestre de 2022, quando a correlação entre criptomoedas e o S&P 500 chegou a 0,72. Essa alta reflete um movimento em que tanto o mercado de ações quanto o de criptomoedas são influenciados por eventos econômicos de grande escala, como mudanças nas taxas de juros e incertezas políticas.

Fatores Econômicos e o Mercado de Ativos de Risco

Em 2022, o Bitcoin, a maior criptomoeda por valor de mercado, registrou uma queda significativa, recuando para cerca de US$ 19 mil, enquanto o S&P 500, um dos principais índices de ações dos EUA, também passava por uma fase de declínio. No entanto, desde então, os dois ativos se recuperaram de forma expressiva. O S&P 500 subiu 35%, enquanto o Bitcoin quase dobrou seu valor, chegando a US$ 63.500.

A correlação entre esses dois tipos de ativos pode ser explicada, em parte, pelo cenário econômico. A redução das taxas de juros nos EUA, uma das principais ferramentas de política monetária do Fed, tende a impulsionar ativos considerados de risco, como ações e criptomoedas. Quando o Fed corta as taxas de juros, o custo de financiamento diminui, o que estimula o investimento em ativos com maior potencial de retorno. Isso resulta em um aumento no preço das ações e também das criptomoedas.

Segundo especialistas, os juros mais baixos favorecem um ambiente em que os investidores buscam retornos maiores, algo mais facilmente encontrado em mercados como o de ações e o de criptomoedas. Apenas nos últimos sete dias, o preço do Bitcoin subiu quase 10%, impulsionado pela expectativa e posterior confirmação de uma redução de 50 pontos-base nas taxas de juros pelo Fed.

Além disso, a Coinbase, uma das maiores exchanges de criptomoedas do mundo, divulgou um relatório recente que aponta para uma correlação de 0,69 entre o Bitcoin e o S&P 500. Esse coeficiente de correlação próximo de 1 indica que os dois ativos tendem a se mover na mesma direção e de maneira bastante similar. Quando a correlação está próxima de zero, os ativos não mostram uma relação clara. Se a correlação for negativa, como -1, os ativos se movimentam em direções opostas.

Impactos do Corte de Juros e Risco de Recessão

Ainda que a correlação entre criptomoedas e ações esteja se intensificando, a redução das taxas de juros traz consigo um dilema. Por um lado, os investidores veem com bons olhos a flexibilização monetária, pois ela estimula a economia e favorece os ativos de risco. Por outro lado, existe o temor de que esses cortes possam ser um sinal de alerta de que a economia dos EUA está caminhando para uma recessão.

Nos últimos meses, o Fed reduziu as taxas de juros em diversas ocasiões, com o corte mais recente de 50 pontos-base. A perspectiva de mais cortes até o final do ano ainda é forte, o que aumenta as expectativas de crescimento para o mercado de criptomoedas. No entanto, os analistas também apontam que um corte tão agressivo nas taxas pode refletir uma desaceleração econômica mais grave do que o inicialmente previsto.

A expectativa de uma possível recessão preocupa tanto o mercado de ações quanto o de criptomoedas. Embora o ambiente de juros baixos seja favorável para ativos de risco, uma recessão nos Estados Unidos poderia reverter esses ganhos. A volatilidade em torno dos mercados aumentaria, e os investidores poderiam procurar ativos mais seguros, como o ouro ou o dólar, reduzindo o apetite por investimentos mais arriscados, como criptomoedas.

Chris Rhine, chefe de estratégias de ativos líquidos da Galaxy e gerente de portfólio, destacou em entrevista ao portal The Block que, apesar dos cortes nas taxas de juros, as incertezas sobre o futuro econômico do país permanecem. Segundo ele, a redução dos juros alimenta um movimento de otimismo no curto prazo, mas os riscos de longo prazo, como a desaceleração da economia, ainda preocupam os investidores.

Eleições Presidenciais e o Futuro das Criptomoedas

Outro fator que tem contribuído para a alta correlação entre criptomoedas e ações nos EUA é o cenário político. A próxima eleição presidencial americana tornou-se um ponto de atenção para os investidores, especialmente aqueles que atuam no mercado de criptomoedas. Recentemente, a candidata à presidência pelo Partido Democrata, Kamala Harris, prometeu apoiar o crescimento do setor de criptomoedas, o que gerou uma onda de otimismo no mercado.

Durante sua campanha, Harris vem destacando a importância de criar um ambiente regulatório mais favorável para o desenvolvimento de inovações tecnológicas, incluindo as criptomoedas. Seu discurso alinhado ao futuro digital do país fez com que o mercado reagisse de forma positiva. Além disso, personalidades importantes do setor de criptomoedas, como Anthony Scaramucci, começaram a colaborar com a equipe da campanha democrata, ajudando a desenvolver políticas que visam fortalecer o mercado de ativos digitais.

Analistas apontam que a corrida presidencial pode ser um catalisador positivo para o mercado de criptomoedas, especialmente se houver políticas favoráveis ao crescimento desse setor. No entanto, o cenário político também traz incertezas. Caso outro candidato com uma visão mais restritiva sobre as criptomoedas vença a eleição, o mercado pode enfrentar dificuldades.

Essa possível incerteza política cria um ambiente de volatilidade, tanto para o mercado de criptomoedas quanto para o mercado de ações. Investidores estarão atentos às mudanças nas propostas dos candidatos à medida que a eleição se aproxima, o que pode gerar variações nos preços dos ativos.

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