Em 2021 um casal que reside em Melbourne, na Austrália, recebeu cerca de 6,6 milhões de dólares da Crypto.com de maneira equivocada. De forma desonesta ou ingênua, conforme determinará o juiz ao fim do processo, uma grande farra com o dinheiro recebido começou, tendo sido ele convertido em mansões de luxo, carros, joias, artes e muito mais.
Como foi impossível reaver a totalidade do dinheiro equivocadamente depositado na conta do casal australiano, a Crypto.com ingressou com um processo judicial contra os dois, que, agora, alegam que tinham acreditado que o dinheiro depositado em suas contas se tratava apenas de um prêmio pago pela exchange.
Thevamanogari Manivel e seu marido, Jatinder Singh, são os réus no processo, que estão enfrentando por conta de acusações de roubo, dentre outras. A Crypto.com, desde o começo do processo, já conseguiu reaver cerca de 6 milhões dos mais de 10 depositados erroneamente na conta do casal – em conversão para dólares australianos.
Em seus depoimentos, que foram prestados por vídeo para o tribunal de magistrados da cidade de Melbourne, no último dia 11 de outubro, ambos, Thevamanogari Manivel e seu marido, Jatinder Singh, declararam-se inocentes das acusações feitas pela Crypto.com.
A defesa do casal ainda reforçou a tese de que os fundos recebidos de forma equivocada foram resultado de uma premiação do Crypto.com, ou que, assim, acreditava ser o casal.
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Crypto.com depositou os fundos na conta bancária de Manivel em maio de 2021
De acordo com os dados que foram publicados pela Crypto.com na ocasião da abertura do processo contra o casal, os fundos foram depositados, inicialmente, na conta de Manivel junto à corretora. Michi Chan Fores, diretor de conformidade da exchange, explicou ao tribunal que o problema em relação ao depósito foi causado por um funcionário da corretora, sediado na Bulgária. O problema foi causado porque o funcionário em questão havia digitado, em uma planilha do Excel, dados incorretos.
A conta que deveria receber os fundos era a de Singh, marido de Manivel, mas o dinheiro foi depositado diretamente na conta de Mnivel, pois ele teria utilizado os cartões bancários de sua esposa para comprar diferentes criptomoedas junto à corretora.
O ocorrido se deu em maio, mas a Crypto.com só percebeu o erro quando uma auditoria global foi realizada no mês de dezembro de 2021.
De acordo com a defesa do casal, Singh julgou que o dinheiro que fora depositado na conta de sua esposa se tratava de uma premiação por parte da exchange porque, dias antes, havia recebido uma notificação da empresa a respeito de uma competição envolvendo criptomoedas.
No entanto, de acordo com Fores, não houve qualquer competição envolvendo esse montante de dinheiro e destacou, ainda, que a Crypto.com não enviou qualquer notificação aos seus usuários noticiando que haveria qualquer tipo de competição envolvendo essa soma. Dessa forma, ele desqualifica a alegação de Singh.
Em relação ao processo em si, as acusações que o casal enfrenta, cada um, diferem entre si dado o objeto do processo. Enquanto a esposa, Manivel, é acusada de roubo, por ter retirado os fundos depositados pela Crypto.com em sua conta bancária; tentar fugir do país e, ainda, lidar de forma negligente com o produto do crime, as alegações contra Singh são outras.
Manivel, em março, foi detida no aeroporto de Melbourne sob a acusação de que estava tentando fugir do país para a Malásia portanto cerca de 11 mil dólares australianos.
Sob fiança, ela logo foi liberada de sua prisão.
O casal é acusado de uso negligente do dinheiro depositado pela Crypto.com
De acordo com um policial ouvido no processo, os fundos depositados pela Crypto.com na conta do casal foram utilizados para a compra de quatro casas de luxo, presentes, obras de arte, veículos e, ainda, mobiliário para compor a decoração da casa, enquanto cerca de 4 milhões de dólares australianos foram enviados diretamente para uma conta de um banco sediado na Malásia.
Apenas uma das quatro casas compradas pelo casal inclui uma propriedade de cinco quartos no valor de 1,3 milhão de dólares australianos.
A Suprema Corte de Victoria, em relação a essa propriedade em questão, ordenou que fosse feita a sua venda e que os valores obtidos retornassem às contas da Crypto.com.