Atualizado em 19/12/2022 por Ana Luiza
No mês passado, a FTX, a segunda maior empresa do mercado de criptomoedas, pediu abertura de processo de falência nos Estados Unidos. A quebra da empresa fez desaparecer cerca de US$ 1 bilhão a US$ 2 bilhões que pertenciam a seus clientes em vários lugares do mundo, o que gerou uma crise de confiança nas moedas virtuais.
A empresa FTX era avaliada em US$ 32 bilhões em valor de mercado e contava com 1,2 milhão de usuários registrados. Nos últimos anos, cada vez mais brasileiros têm investido em bitcoin e em outras criptomoedas como uma alternativa aos investimentos tradicionais. Segundo uma pesquisa recente da plataforma de dados Chainanalysis, o Brasil é o sétimo país com maior adesão a ativos virtuais.
Antônio é chef de cozinha em Santa Catarina, Brasil. Ele contou à BBC News Brasil que economizou por cerca de 6 anos para comprar sua casa, que depois vendeu para investir em criptomoedas. Atraído pelas recomendações na internet sobre a ascensão da FTX no mercado de criptomoedas, ele transferiu seus fundos de outra corretora para a FTX. Ele estima que tinha cerca de US$ 50 mil (aproximadamente R$ 260 mil) em sua conta na empresa.
Antônio perdeu todos os seus fundos, que desapareceram da sua conta quando a empresa quebrou, levando consigo as economias de outros brasileiros também.
Por dentro do que era a FTX
A FTX era uma bolsa que permitia a transação entre diferentes criptomoedas, como bitcoin e ethereum, ou para converter dinheiro convencional em criptomoedas e vice-versa. Era uma das principais plataformas de negociação de criptomoedas no mercado.
Como no mercado financeiro tradicional, a FTX também oferecia a possibilidade de investimentos mais agressivos. “Estava bem confiante de que a cotação das criptomoedas iria subir, então fazia swing trades”, contou Antônio, referindo-se à negociação de curto e médio prazo que aposta nas fortes oscilações que caracterizam os criptoativos.
Antônio tentou transferir seu dinheiro quando os rumores sobre a empresa americana não honrar seus compromissos começaram a ficar mais fortes. Ele recebeu o e-mail da FTX, mas a transferência não foi concluída. Ele ficou desesperado. “Não foi fácil”, diz ele.
André Fauth tem experiência no universo das criptomoedas desde 2014, quando comprou sua primeira bitcoin. Ele tem um canal no YouTube sobre o tema e é um defensor ferrenho das criptomoedas como o futuro das finanças. Ele é gaúcho. André Fauth perdeu cerca de R$ 1 milhão em investimentos na FTX. Embora não seja todo o seu patrimônio, ele diz que fará falta.
Ele planejava usar o dinheiro para investir em imóveis e em outros investimentos nos próximos anos. Agora, ele diz que terá que adiar esses planos, tal como outros clientes da exchange agora falida.