Atualizado em 19/09/2024 por Ana Luiza
No dia 18 de setembro de 2024, uma série de contas de alto perfil no X, antigo Twitter, foram invadidas por hackers. Entre as vítimas estavam figuras notáveis, como o jogador de futebol Neymar Jr., a Lenovo Índia, o cineasta Oliver Stone e o Yahoo News UK. As contas sequestradas foram usadas para promover uma memecoin da rede Solana, chamada HACKED. Esse incidente revela um novo esquema envolvendo criptoativos, que apesar de amplo, resultou em ganhos financeiros limitados.
Os invasores publicaram mensagens nas contas comprometidas, promovendo o token HACKED. As postagens seguiam um padrão similar: “INTRODUZINDO $HACKED NA SOLANA. Em cada conta que hackeamos, publicamos o endereço do token para que possamos inflá-lo e lucrar juntos.” Apesar da promessa de lucro, a campanha não gerou o impacto esperado. O volume de negociação da moeda foi baixo, resultando em um valor irrisório de apenas US$ 8 mil arrecadados pelos criminosos.
Ataques coordenados a contas de alto perfil
Ataques a contas de figuras públicas e grandes marcas no X não são novidade. Em 2020, golpistas invadiram contas de celebridades como Barack Obama, Kanye West, além de empresas como Apple e Uber, para promover um esquema de Bitcoin. No caso mais recente, os invasores focaram na promoção de um token sem relevância no mercado cripto, mas aproveitaram a rede Solana, conhecida pela facilidade de criação de novos tokens, especialmente memecoins.
Desde o início de 2024, plataformas como a Pump.fun tornaram possível a criação de tokens sem a necessidade de conhecimentos técnicos avançados. Qualquer pessoa pode gerar uma nova moeda digital a um custo relativamente baixo, criando um ambiente favorável para fraudes e golpes. A rede Solana, quinta maior criptomoeda em capitalização de mercado, passou a ser uma das principais plataformas usadas para o lançamento desses ativos voláteis. No entanto, a popularidade das memecoins, embora alta, traz riscos, especialmente devido à falta de regulação e segurança nesse espaço.
O token HACKED, promovido pelos hackers, é um exemplo claro desse fenômeno. Lançado sem grande preparação, a moeda não alcançou o sucesso pretendido pelos golpistas. Apesar de a operação ter atingido contas com milhões de seguidores, o valor de mercado da HACKED foi de apenas US$ 5.700, e seu preço caiu 96% em apenas uma hora, resultando em um volume de negociação de US$ 278 mil. O detetive cripto ZachXBT, que acompanhou de perto o caso, comentou nas redes sociais que os hackers mostraram incompetência, destacando que a operação foi ineficaz.
O papel das memecoins na Solana
A Solana se consolidou nos últimos anos como uma plataforma ideal para o desenvolvimento de novos tokens, especialmente memecoins. Esses ativos digitais são baseados em eventos da internet, celebridades ou mesmo piadas virais. Embora voláteis, as memecoins conseguem atrair investidores que buscam ganhos rápidos, mas também oferecem uma oportunidade para golpistas aproveitarem o entusiasmo do público com a promessa de lucros fáceis.
As memecoins ganharam grande popularidade na Solana, devido à capacidade da rede de processar transações rapidamente e com custos baixos. No entanto, essa mesma facilidade de criação de tokens também tornou a rede um alvo para fraudes. A Pump.fun, por exemplo, facilitou a criação de moedas sem a necessidade de um desenvolvedor experiente. Essa acessibilidade, combinada com a volatilidade dos ativos, cria um ambiente em que projetos fraudulentos podem surgir com frequência.
O caso da HACKED demonstra como o mercado de criptoativos ainda é suscetível a ataques e fraudes, mesmo com a crescente popularidade e adoção dessas tecnologias. As plataformas que permitem a criação de novos tokens, como a Solana, precisam equilibrar a inovação com a segurança, oferecendo mecanismos de proteção tanto para investidores quanto para os usuários comuns.
O impacto no mercado e nas celebridades envolvidas
O uso de contas de celebridades para promover fraudes de criptomoedas tem implicações tanto para o mercado quanto para as próprias figuras públicas envolvidas. No caso de Neymar Jr., por exemplo, a invasão de sua conta no X gerou grande repercussão entre seus seguidores, que se depararam com uma promoção duvidosa de um ativo digital desconhecido. Embora o jogador não tenha qualquer envolvimento com o golpe, sua imagem foi temporariamente associada a uma operação fraudulenta.
Da mesma forma, marcas como Lenovo e Yahoo News também tiveram suas contas usadas sem autorização para divulgar o token HACKED. A invasão dessas contas destaca a fragilidade das plataformas de mídia social, especialmente no que se refere à segurança cibernética. Embora o golpe não tenha causado perdas significativas para as empresas ou celebridades afetadas, ele serve como um alerta sobre os perigos associados à falta de controle sobre as redes sociais.
As memecoins, por sua vez, continuam a ser um mercado em crescimento, especialmente entre investidores mais jovens que buscam oportunidades rápidas de lucro. No entanto, casos como o HACKED demonstram que, apesar da facilidade de criação e da alta demanda, esses ativos estão longe de ser uma aposta segura.
Golpes no X e a segurança cibernética
Os ataques coordenados a contas de alto perfil no X revelam um problema maior relacionado à segurança nas redes sociais. Em um cenário onde milhões de usuários acessam essas plataformas diariamente, os invasores encontram um terreno fértil para golpes de larga escala. Embora a promoção de criptomoedas seja um fenômeno relativamente novo, a vulnerabilidade das redes sociais a ataques cibernéticos já é uma questão amplamente discutida.
No caso de 2020, quando contas de grandes figuras foram usadas para promover Bitcoin, o golpe serviu como um lembrete da necessidade de reforçar as barreiras de segurança digital. Agora, em 2024, com a invasão das contas de Neymar e outros, o tema volta ao centro das discussões. Especialistas em segurança cibernética apontam que, embora as plataformas tenham implementado novas medidas para proteger seus usuários, os criminosos continuam encontrando maneiras de contornar esses mecanismos.
As empresas que operam nas redes sociais, como o X, precisam investir em tecnologia avançada e em protocolos de segurança mais robustos para evitar que esses ataques se repitam. A confiança dos usuários nessas plataformas depende diretamente de sua capacidade de proteger informações sensíveis e impedir que hackers utilizem as contas de forma fraudulenta.
O futuro das memecoins e a segurança no mercado de criptomoedas
O incidente envolvendo a HACKED é apenas mais um exemplo dos desafios enfrentados pelo mercado de criptomoedas. Enquanto plataformas como a Solana continuam a atrair novos investidores e projetos, a falta de regulação e a facilidade de criação de tokens abrem espaço para fraudes. As memecoins, por serem altamente voláteis, representam um risco considerável para aqueles que buscam investir nesse tipo de ativo.
Para que o mercado de criptomoedas se desenvolva de maneira sustentável, é necessário que plataformas como a Solana implementem mecanismos mais rígidos de controle e segurança. Investidores também devem ser cautelosos ao escolher onde colocar seu dinheiro, evitando ativos de baixo valor e esquemas que prometem lucros rápidos.
O futuro das memecoins é incerto, mas o caso da HACKED ressalta a importância de um mercado mais seguro e transparente. Enquanto as criptomoedas continuam a crescer em popularidade, a necessidade de segurança digital e regulação adequada se torna cada vez mais urgente.