Um grupo de pessoas que foram lesadas pelo Sheik dos Bitcoins, Francisley Valdevino da Silva, ingressou com um pedido junto à Justiça do Paraná, em que o caso corre. O pedido em questão solicita que um jato seja apreendido para que, uma vez vendido, possa saldar parte das dívidas que foram geradas a partir das ações criminosas pelo autointitulado sheik.
De acordo com os dados levantados do processo, o jato em questão pertence à empresa ITX Administradora de Bens Ltda, do próprio Francisley Valdevino da Silva, conforme consta na petição que foi anexada à ação civil pública que está em tramitação na 24ª Vara Cívil de Curitiba.
No entanto, a empresa que atualmente opera a aeronave é a WS Shows Ltda, que pertence ao artista Wesley Safadão. O último processo de venda do jato chegou ao valor de 37 milhões de reais.
De acordo com matéria feita pelo jornal GLOBO, a defesa do cantor diz que o jato foi recebido como parte do pagamento das dívidas que Francisley Valdevino da Silva, o Sheik dos Bitcoins, contraiu com o cantor. O Sheik dos Bitcoins é acusado, dentre outros crimes, de criar e liderar uma pirâmide financeira, o que é, por óbvio, crime no Brasil.
Como operava a pirâmide financeira que utilizava Bitcoins criada por Francisley Valdevino da Silva, o Sheik dos Bitcoins
O Sheik dos Bitcoins, Francisley Valdevino da Silva, operava um sistema financeiro fraudulento que prometia que, por meio de operações com Bitcoins e outras criptomoedas, seus investidores teriam altas taxas de lucratividade.
A proposta do Sheik dos Bitcoins era atraente e, por meio do golpe, foi capaz de atrair famosos como Sasha Meneghel, filha de Xuxa Meneghel, e o seu marido, João Figueiredo, cantor.
De acordo com a Polícia Federal, que vem apurando os fatos, mais de 15 mil pessoas no Brasil e no exterior foram diretamente lesadas pelo Sheik dos Bitcoins, sendo que, apenas em território nacional, ele teria movimentado cerca de 4 bilhões de reais por meio do que é apontado como um esquema de pirâmide.
No último seis de outubro, durante a Operação Poyais, a Polícia Federal teve como alvo Francisley Valdevino da Silva. A Operação Poyais teve por objetivo o aprofundamento, bem como a apuração, de práticas de crimes que se deram, de acordo com a tese de acusação, contra o sistema financeiro brasileiro e a economia popular. Além disso, o Sheik dos Bitcoins também é acusado por lavagem de dinheiro, estelionato e, por fim, organização criminosa.
Durante a ação, os agentes da Polícia Federal apreenderam barras de ouro, carros de luxo, muito dinheiro em espécie e, ainda, relógios de luxo.
No entanto, até esse momento, o jato que agora é operado pelo cantor Wesley Safadão ficou de fora dos bens que foram apreendidos durante a operação, conforme observaram os advogados Jorge Calazans e Mayra Vieira Dias, que assinam a petição que solicita a apreensão do bem.
Por meio de um levantamento dos contratos envolvendo o jato, os próprios advogados conseguiram chegar ao nome de Wesley Safadão, que agora pode perder o pequeno avião.
O jato de Francisley Valdevino da Silva foi entregue à Wesley Safadão para saldar prejuízos envolvendo investimentos com criptomoedas
De acordo com o que se apurou a respeito dos termos do negócio feito utilizando a aeronave em questão, o Sheik dos Bitcoins deveria entregar a aeronave ao cantor como uma parte do valor que devia a ele, em retorno dos investimentos que supostamente haviam sido feitos e, depois, ainda deveria pagar outros 11 milhões ao cantor, por meio da sua empresa.
No entanto, o acordo que repassou o jato ao cantor não foi concluído, pois o esquema de pirâmide começou a ruir logo em 2021, quando todos os pagamentos foram paralisados. Por conta disso, Wesley Safadão ficou com o bem.
O advogado do cantor, Daniel Moraes, disse que o cantor recebeu o jato de Francisley Valdevino da Silva para que o prejuízo de Wesley Safadão pudesse ser amortizado – o valor total da dívida, no entanto, não foi revelado.
Por fim, a defesa de Wesley Safadão aponta que o caso se trata de um mau negócio, mas que o cantor em questão está longe de ser o vilão da história.