1º de setembro de 1939: ataque a Wielun deu início à Segunda Guerra Mundial

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1º de setembro de 1939: ataque a Wielun deu início à Segunda Guerra Mundial

Atualizado em 07/04/2022 por Redação



1º de setembro de 1939: ataque a Wielun deu início à Segunda Guerra Mundial
Foto: AFP

Pouco conhecida além do território polonês, a tragédia da pequena cidade de Wielun, a Guernica polonesa judia bombardeada pela Luftwaffe em 1º de setembro de 1939, data que marcou o início da Segunda Guerra Mundial, volta a atrair a atenção 80 anos depois.

Testemunhas ainda estão vivas, e suas lembranças também.

“Ao amanhecer, quando o céu lá fora ainda estava cinza, acordei com um som estranho, uma espécie de rugido muito forte que nunca tinha ouvido. Na mesma hora, o teto abriu e os vidros se estilhaçaram. Nossas janelas davam para a rua onde caíram as primeiras bombas, um pouco mais longe, sobre o hospital”.

Zofia Burchacinska tem hoje 91 anos, mas se lembra perfeitamente do dia em que sua cidade se transformou no primeiro alvo da guerra iniciada por Hitler.

O número exato de vítimas nunca foi estabelecido, mas as estimativas variam de centenas até mais de mil mortos.

“Símbolo da guerra total” 

“Wielun, onde morreram crianças, mulheres e idosos, é um símbolo da guerra total”, segundo o historiador Jan Ksiazek, diretor do Museu da Terra de Wielun.

O som estridente que aterrorizou a menina de 11 anos era das sirenes, as chamadas “Trombetas de Jericó”, colocadas no trem de aterrissagem dos bombardeiros Junkers Ju 87.

A ordem de bombardear Wielun, uma cidade de cerca de 16.000 habitantes do centro da Polônia, foi dada pelo General Wolfram von Richthofen, ex-chefe da Legião Condor, cujos aviões arrasaram a cidade basca de Guernica em 1937, uma tragédia que inspirou a famosa pintura de Pablo Picasso.

Nos dois casos, a população civil foi massacrada, sem possibilidade de defesa, com o objetivo de semear o pânico.

“Fugimos com minha mãe atravessando a praça do mercado, já repleta de escombros. Uma parte estava em chamas, era uma perfumaria que queimava, cheia de produtos inflamáveis”, lembra Burchacinska.

“Pouco tempo depois voltei a Wielun após a suposta libertação, com a chegada do Exército Vermelho”, contou. “Não reconheci a cidade. Meu pai tinha que me levar pela mão para ir para a escola. Não havia mercado, não existiam ruas”, acrescentou.

Vinte testemunhas do bombardeio ainda vivem em Wielun. Uma deles é Tadeusz Sierandt, que tinha oito anos em 1939.

“Atravessamos a cidade, que estava em chamas. As pessoas corriam para todos os lados, fugiam, alguns sem roupas. Vi mortos, feridos. Fumaça, ruído, explosões. Tudo ardia…”, lembra.

Após a guerra, Wielun foi reconstruída. Hoje é uma bela e próspera cidade de 25.000 habitantes, com ruas e parques cuidados, orgulhosa de sua identidade de ex-cidade real fundada no século XIII.

“Somente as ruínas da igreja paroquial do centro ainda têm atualmente as marcas das explosões das bombas, o que mostra a amplitude da destruição”, disse a vice-prefeita, Joanna Skotnicka-Fiuk, em entrevista à AFP.

Wielun tem relações com a Alemanha como cidades associadas. Este ano, em 1º de setembro, esse vínculo vai alcançar um patamar sem precedentes, com a visita do presidente alemão, Frank-Walter Steinmeier.

Por que Wielun?

Por que as Forças Armadas alemães escolheram como alvo uma cidade sem importância do ponto de vista militar?

“Por um lado, é provável que os alemães tenham se dado conta de que Wielun era uma cidade bicultural. A população polonesa dominava, seguida pela população judia. Aqui não existia minoria alemã, diferentes de outras cidades do centro da Polônia”, analisa o historiador Tadeusz Olejnik.

“Por outro, quando as bombas caíram sobre uma cidade que dormia, as pessoas fugiram desse inferno, bloqueando as estradas e complicando a movimentação do Exército polonês”, explica Olejnik, que vive em Wielun.

Além disso, “nos primeiros relatórios alemães, se explica o ataque contra Wielun dizendo que a cidade tinha uma importante população judia. Em 1939, entre cerca de 16.000 habitantes, exatamente 33,39% eram judeus”, lembra o professor Olejnik.

Os judeus sobreviventes primeiro foram mantidos em um gueto e depois, no início da “solução final”, enviados para o gueto de Lodz, campo de extermínio de Chelmno nad Nerem, para serem mortos em “caminhões de gás”

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