Atualizado em 20/10/2023 por Ana Luiza
Em uma tentativa de combater a queda de receita provocada por uma série de crashes desde dezembro de 2021, as exchanges de criptomoedas estão adotando programas de empréstimo de criptomoedas nos últimos meses. No entanto, enquanto esses empréstimos ganham destaque, especialistas alertam para os riscos de uma nova bolha se formar no mercado.
Citando recentes programas de empréstimo lançados por exchanges proeminentes, como a Coinbase e a Binance, observa-se que o setor de empréstimos ainda é relativamente pequeno em comparação com a bolha de alavancagem que abalou o mercado cripto em 2022. No entanto, a tentativa de reaquecer o mercado por meio de empréstimos preocupa alguns analistas, que temem que isso possa criar uma nova bolha.
“Isso certamente poderia sair pela culatra, toda vez que você empresta um ativo, cria alavancagem, o que gera fragilidade. Eu acredito que o setor cripto como um todo está tentando de tudo neste momento, em uma espécie de luta existencial”, avaliou Hilary Allen, professora da Faculdade de Direito da Universidade Americana, em Washington (EUA).
Embora não haja dados agregados disponíveis sobre empréstimos de criptomoedas pelas exchanges, os últimos sete meses testemunharam uma crescente competição entre as exchanges que lançaram diversos programas de empréstimos.
Essa tendência coincide com uma queda acentuada no volume de negociações à vista (spot) no terceiro trimestre deste ano, em comparação com o mesmo período do ano anterior, como no caso da Coinbase (-50%) e da Binance (-64%), de acordo com dados da CCData, uma empresa de software de acesso a dados e soluções de conectividade.
A retração também pode estar relacionada ao colapso de empresas que incentivaram a atividade de empréstimo de criptomoedas, como a Celsius e a Genesis. No entanto, as exchanges alegam ter aprendido com as lições do passado.
O CEO da Bitstamp, Jean-Baptiste Graftieaux, destacou o aumento das salvaguardas para a concessão de crédito, bem como parcerias estratégicas, como a da Tesseract, sediada na Finlândia, que trabalha em conjunto com a exchange de criptomoedas para facilitar empréstimos e atuar como formadores de mercado. De acordo com a Tesseract, os empréstimos só são liberados com depósitos em custodiantes terceirizados, envolvendo criptomoedas como Bitcoin, Ethereum e stablecoins.
No entanto, a opacidade decorrente da extrema volatilidade do mercado de criptomoedas continua sendo uma preocupação, dificultando a avaliação do impacto dos empréstimos no ecossistema cripto.
No final de setembro, a empresa de empréstimos Bitcoin Ledn anunciou o lançamento de um produto de rendimento Ethereum. À medida que as exchanges exploram os empréstimos como uma solução para impulsionar o mercado, o debate sobre os riscos e as implicações dessas estratégias continua a crescer.
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