Atualizado em 11/07/2023 por Ana Luiza
Recentemente, um desenvolvedor de blockchain chamado Pedro Magalhães afirmou ter feito a engenharia reversa do código-fonte do projeto-piloto do real digital brasileiro, a moeda digital de banco central (CBDC) do Brasil.
Em sua análise, ele descobriu funções que permitiriam a uma autoridade central congelar fundos ou reduzir saldos de usuários do sistema. Embora essa descoberta tenha gerado preocupações na comunidade cripto, Magalhães argumenta que essas funções podem ter utilidade em certas circunstâncias.
Real Digital: problemas já começam no código-fonte
O código-fonte do projeto-piloto do real digital brasileiro foi disponibilizado no portal GitHub pelo Banco Central do Brasil em 6 de julho. O objetivo desse projeto-piloto é testar a viabilidade da CBDC, e a arquitetura apresentada está sujeita a alterações adicionais.
Magalhães, que é fundador da empresa de consultoria tecnológica Iora Labs, afirmou ter feito a engenharia reversa do código-fonte aberto do real digital. Suas descobertas revelaram funções como congelamento e descongelamento de contas, aumento e redução de saldos, movimentação de moedas entre endereços e criação de reais digitais em um endereço específico.
Ele explicou que essas funções provavelmente seriam utilizadas para operações financeiras baseadas em protocolos de finanças descentralizadas (DeFi) e empréstimos garantidos. No entanto, Magalhães ressaltou que o código não especifica em quais circunstâncias essas funções podem ser executadas e quem tem o poder de fazê-lo.
Problemas com o CBDC podem ser superados
A falta de transparência sobre esses aspectos preocupa a comunidade de criptomoedas, pois um CBDC tem o potencial de afetar a liberdade financeira e invadir a privacidade dos usuários. Para garantir a confiança dos usuários, é essencial que essas informações sejam publicamente expostas nos contratos inteligentes e discutidas com a população.
Apesar das preocupações levantadas, Magalhães destacou que o real digital também pode trazer benefícios, como rastreabilidade mais fácil dos impostos, permitindo que o público acompanhe a destinação dos fundos arrecadados por meio de impostos, bem como a transparência nas compras governamentais e recursos de emendas parlamentares.
O piloto do real digital está sendo executado na blockchain Hyperledger Besu, uma blockchain privada compatível com a Ethereum Virtual Machine (EVM). Diferente das redes não permissionadas como Bitcoin e Ethereum, os usuários precisarão da aprovação do banco central para se tornarem um nó na rede.
Embora o código do CBDC brasileiro tenha revelado funções controversas, é importante lembrar que o projeto-piloto está em andamento e sujeito a alterações. É essencial que as preocupações da comunidade sejam levadas em consideração e que haja transparência e debate público sobre o desenvolvimento e implementação de uma moeda digital de banco central.
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