Atualizado em 17/08/2023 por Ana Luiza
O presidente de El Salvador, Nayib Bukele, conhecido por sua defesa das criptomoedas, está conquistando um novo olhar positivo por parte de Wall Street, apesar das acusações de violações dos direitos humanos.
Dois anos após a decisão ousada de adotar o Bitcoin (BTC) como moeda oficial, o país tem testemunhado um impressionante rali de seus títulos soberanos, com retornos excepcionais de 70% neste ano, liderando os mercados emergentes em dólar.
A lucratividade inegável desses retornos está atraindo investidores que antes hesitavam em relação a esses títulos. Grandes nomes como JPMorgan, Eaton Vance e PGIM Fixed Income estão entre os que recomendam ou adquiriram a dívida salvadorenha, apostando que o momentum continuará a se fortalecer.
El Salvador x Bitcoin: uma jogada arriscada e polêmica
Embora as polêmicas e controvérsias em torno do presidente Bukele e sua defesa pelo Bitcoin persistam, a resiliência dos títulos salvadorenhos tem gerado otimismo tanto entre gestores financeiros quanto entre líderes da América Latina.
Bukele, apesar de ter sido inicialmente visto como um dissidente anti-establishment, tem atraído a aceitação por sua postura rígida contra as gangues, a qual resultou em uma drástica redução da criminalidade no país.
Apesar das preocupações persistentes com os direitos humanos e sua fixação no Bitcoin, que culminou na adoção da criptomoeda como moeda oficial em 2021, Bukele conseguiu acalmar receios do mercado por meio de estratégias como a recompra de dívida e a contratação de consultores experientes, incluindo um ex-veterano do Fundo Monetário Internacional (FMI). Além disso, o pagamento de US$ 800 milhões em títulos demonstra seu compromisso com os investidores.
A economia salvadorense pode continuar crescendo?
O cenário dos títulos salvadorenhos reflete esta confiança. O rendimento adicional exigido pelos investidores para deter esses títulos sobre os títulos do Tesouro dos EUA diminuiu consideravelmente, com as notas que vencem a partir de 2035 sendo negociadas a menos de 10 pontos percentuais em relação aos bonds americanos.
Embora o sucesso dos títulos do país seja indiscutível, investidores ainda veem desafios em relação ao longo prazo, especialmente a partir de 2027, quando El Salvador enfrenta uma série de vencimentos. Claudia Calich, da M&G Investments, destaca preocupações sobre reservas em dólar limitadas e acesso a mercados globais de capitais. Contudo, a aceitação renovada de Bukele e os resultados tangíveis dos títulos salvadorenhos refletem uma dinâmica econômica em constante evolução, levantando discussões sobre os riscos e oportunidades da estratégia do presidente e seu impacto nos mercados emergentes.
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